Prémio Nobel da Economia
Ben Bernanke, Douglas Diamond and Philip Dybvig receberam o Prémio Nobel da Economia pelo seu contributo para a pesquisa da banca e crises financeiras.
Philip Dybvig
Carreira
Philip Hallen Dybvig é um economista e professor americano, especialista em preços de ativos, banca, investimentos e corporate governance. Desenvolveu em parceria com Douglas Diamond, o modelo Diamond-Dybvig, que mostra como os bancos amparam a economia através da criação de liquidez e como a criação de liquidez sujeita os bancos a funcionar se não houver qualquer seguro de depósitos ou outra proteção. Lecionou em diferentes universidades, designadamente, Yale University e Princeton University. De 2002 a 2003, foi Presidente da Western Finance Association e, de 2010 até 2021, Diretor do Instituto de Estudos Financeiros na Southwest University of Finance and Economics. Exerceu funções enquanto consultor de Governos, organizações e indivíduos, além de ter publicado dois livros e mais de trinta e cinco artigos em revistas de referência. Atualmente, é professor de Banca e Finanças na Olin Business School of Washington University, em St. Louis.
Obra mais conhecida - Diamond-Dybvig model
Douglas Diamond
Carreira
Douglas Warren Diamond é um economista e professor americano, licenciado em Economia pela Brown University em Economia e mais tarde pela Yale University, onde obteve o mestrado e o doutoramento em Economia. É considerado um dos fundadores da teoria bancária moderna, tendo realizado importantes investigações sobre operações bancárias, crises financeiras e liquidez. Em colaboração Dybvig, desenvolveu o notório modelo Diamond-Dybvig, que versa os temas "Bank Runs, Deposit Insurance and Liquidity", publicado no Journal of Political Economy, em 1983. Ao longo da sua carreira, foi Presidente da American Finance Association e da Western Finance Association e professor em diversas universidades, tais como, University of Bonn, Hong Kong University of Science and Technology, MIT Sloan School of Management e Yale School of Management. Atualmente, é investigador associado no National Bureau of Economic Research, membro da National Academy of Sciences, Econometric Society, American Academy of Arts and Sciences, American Finance Association e está destacado no cargo Merton H. Miller Distinguished Service Professor of Finance, na University of Chicago's Booth School of Business, onde leciona desde 1979.
Obra mais conhecida - Diamond-Dybvig model
O modelo Diamond-Dybvig é um modelo de corrida aos depósitos e relacionado com crises financeiras. Este mostra como ativos de longo prazo (empréstimos) e passivos de curto prazo (depósitos) podem levar a pânicos entre depositantes. Investimentos de negócio costumam necessitar de gastos no presente para obter ganhos no futuro, daí a preferirem empréstimos a longo prazo (o mesmo se passa com indivíduos que procuram investimentos para comprar ativos como casas ou automóveis). No reverso da medalha, quem tiver poupanças pode ter necessidades repentinas de dinheiro, devido a gastos não previstos. Assim, exigem contas líquidas que permitem acesso imediato aos seus depósitos (curto prazo).Os bancos, neste modelo, agem como intermediários entre quem tem poupanças e prefere depositar em contas líquidas e quem tem empréstimos a longo prazo. Em circunstâncias normais, podem transferir fundos de depósitos individuais para empréstimos. Os depositantes individuais podem não ser capazes de fazer esses empréstimos sozinhos, pois podem precisar acesso imediato aos seus fundos, enquanto os investimentos das empresas só terão os resultados pretendidos no futuro (além disso, ao agregar fundos de muitos depositantes diferentes, os bancos ajudam os depositantes a economizar nos custos de transação que teriam de pagar para emprestar diretamente às empresas). Graças a estes serviços valiosos, os bancos podem cobrar uma taxa de juros mais alta nos empréstimos do que pagam nos depósitos e, assim, lucrar com a diferença.Em circunstâncias normais, as necessidades de dinheiro dos poupadores são imprevisíveis, sendo que refletem as suas circunstâncias individuais. Como é improvável que a procura por dinheiro dos depositantes ocorra ao mesmo tempo, ao aceitar depósitos de muitas fontes diferentes, os bancos esperam apenas uma pequena fração de saques no curto prazo, embora todos os depositantes tenham o direito de retirar o seu depósito total a qualquer momento. Assim, um banco pode fazer empréstimos a longo prazo, mantendo apenas quantias relativamente pequenas de dinheiro em caixa para pagar quaisquer depositantes que desejem fazer saques.Contudo, como os bancos emprestam a longo prazo, não podem resgatar seus empréstimos rapidamente. E mesmo que o tentassem, os devedores não conseguiriam pagar rapidamente, já que seus empréstimos eram usados para financiar investimentos de longo prazo. Portanto, se todos os depositantes tentarem retirar seus fundos simultaneamente, um banco ficará sem dinheiro muito antes de poder pagar todos os depositantes. Este poderá pagar os primeiros depositantes que exijam o seu dinheiro de volta, mas se todos os outros o fizerem também, o banco irá à falência e os últimos depositantes ficarão sem nada.Assim, até bancos seguros podem tornar-se instáveis se ocorrer aquilo que se chama de “corrida aos depósitos''. O modelo Diamond-Dybvig vê as corridas bancárias como um tipo de "self-fulfilling prophecy''. O incentivo de cada depositante para retirar os seus fundos depende do que eles esperam que outros depositantes façam. Se um número suficiente de depositantes espera que outros retirem os seus fundos, então todos eles têm um incentivo para os retirar o mais depressa possível. Devido ao sistema de reserva fracionária, os bancos numa situação de corrida aos depósitos normalmente fecham e impossibilitam a retirada de depósitos.A não ser que se saiba com certeza os gastos reais necessários por período, de acordo com o modelo, o sistema descrito acima não é uma medida ótima para prevenir corridas aos depósitos. Em vez disso, argumentam que a melhor maneira de evitar esse cenário é uma proteção de depósito garantido pelo governo ou pelo banco central que paga aos depositantes a totalidade ou parte de suas perdas. Se os depositantes souberem que irão receber o seu dinheiro de volta mesmo em caso de uma corrida ao depósito, não terão motivos para participar numa.
Ben Bernanke
Carreira
Benjamin Shalom Bernanke é um economista, político, professor e banqueiro de nacionalidade estadunidense e de origem judaica. Formou-se em Economia na Harvard University e concluiu o seu doutoramento no Massachusetts Institute of Technology (MIT), também em Economia. Posteriormente, foi professor em diversas universidades, nomeadamente, Princeton, Stanford, New York e MIT. Foi Presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos (FED), onde permaneceu entre 2006 e 2014, estando à frente do Banco Central dos EUA durante a crise internacional de 2008, desencadeada pela desregulação financeira e pela bolha imobiliária. No decorrer deste período, acabou eleito a “personalidade do ano” em 2009 pelo Time e, em 2013, considerado a 7ª pessoa mais poderosa do mundo pela Forbes. Depois de deixar a FED, tornou-se investigador no programa de estudos económicos da Brookings Institution e consultor da Pimco Investment Management e da Citadel Investment Group. Escreveu diversos livros, designadamente, “21st Century Monetary Policy”, “The Courage to Act” e “The Federal Reserve and the Financial Crisis”.Destaques Benjamin Bernanke recebeu o Nobel da Economia, mais especificamente, pela sua análise da Grande Depressão.Enquanto membro da Reserva Federal dos EUA, admitiu que a própria instituição contribuiu para o “maior desastre económico da história dos Estados Unidos” com vários erros. No início da Depressão, a tomada de decisão da Reserva Federal era descentralizada e ineficaz. A direção tinha falta de autoridade e ferramentas para agir por conta própria e problemas em coordenar as políticas entre os distritos. Quando havia consenso, a política monetária podia ser rápida e eficaz. Mas quando os governadores discordavam, os distritos podiam e seguiam caminhos de ação diferentes e ocasionalmente contraditórios.Especialistas na Reversa Federal, na comunidade empresarial e policymakers em Washington, DC, tinham percepções diferentes dos eventos e defendiam soluções diferentes para os problemas. Investigadores debateram essas questões durante décadas. O consenso demorou a surgir.Bernanke disse que os líderes da FED implementaram políticas que eles achavam de interesse público. Algumas dessas decisões prejudicaram a economia. Outras políticas que teriam ajudado não foram adotadas. Um exemplo disto é a decisão do FED de aumentar as taxas de juros em 1928 e 1929. Isso foi feito na tentativa de limitar a especulação nos mercados de valores mobiliários. Essa ação desacelerou a atividade económica nos Estados Unidos. Como o padrão do ouro internacional vinculava as taxas de juros e as políticas monetárias entre as nações, as ações da FED desencadearam recessões em nações pelo mundo fora. Esse erro repetiu-se na resposta à crise financeira internacional no outono de 1931. Outro fracasso da Fed em agir como credor de última instância durante os pânicos bancários que começaram no outono de 1930 e terminaram com o feriado bancário no inverno de 1933. As falhas na estrutura da FED tornaram-se aparentes durante os primeiros anos da Grande Depressão, o que levou o Congresso a responder com reformas do sistema financeiro inteiro. Sob a administração Hoover, as reformas culminaram na Lei de Corporação Financeira de Reconstrução e na Lei Bancária de 1932. Sob a administração Roosevelt, as reformas culminaram na Lei Bancária de Emergência de 1933, a Lei Bancária de 1933 (chamada Glass-Steagall), Gold Reserve Act de 1934 e Banking Act de 1935. Essa legislação transferiu algumas das responsabilidades da FED para o Departamento do Tesouro e para novas agências federais que dominaram a política monetária e bancária até a década de 1950. As reformas das décadas de 1930, 1940 e 1950 transformaram a FED num banco central moderno. A criação da estrutura intelectual moderna subjacente à política econômica levou mais tempo e continua até hoje. A combinação da FED num banco central bem estruturado e eficaz permitiu a Bernanke afirmar com confiança que não se vão cometer os mesmos erros de novo.